No início do tempo de Advento, recomeçando o ano litúrgico, somos convidados sempre a ficar atentos e a vigiar. Podemos pensar em coisas pavorosas, mas não é para tanto. Seria suficiente pensar em nossa vida que passa. Ninguém de nós sabe o que nos reserva o futuro. Como sempre serão alegrias e tristezas, momentos bons e momentos difíceis. A nossa vida é uma mistura de tudo isso
Estar atentos, portanto, pode significar simplesmente dar atenção ao que está acontecendo e saber reconhecer a presença do Senhor que veio no meio de nós, mas sempre vem para oferecer o seu amor a todos. Pensamos nas situações da vida, mas também nas oportunidades que ela nos oferece
Pessoas que encontramos pelos caminhos do mundo; gestos e ações de bem, de bondade, paz e justiça que podemos realizar.
Vigiar, diz-nos o evangelho deste domingo, é fazer de tudo para não nos tornar “insensíveis por causa da gula, da embriaguez e das preocupações da vida”. Parece o retrato da nossa sociedade: todos tão atarefados, tão preocupados, correndo o dia todo, porém cada um atrás dos seus interesses, com a sensibilidade e, portanto, com a consciência entorpecida. Acordamos quando acontece algo de grave e de sério para nós. Se depois é questão de dinheiro, somos supersensíveis. Brigamos até o fim. Raramente nos deixamos envolver com as dificuldades dos irmãos. Falar em bem comum é discurso para candidato idealista; poucas vezes é fruto de uma consciência de cidadania unida à vontade de resolver os problemas juntos, assumindo a responsabilidade, também pessoal, de construir uma sociedade mais justa e fraterna.
O mistério do Natal de Jesus nos lembra da sensibilidade de Deus que continua vendo e ouvindo os clamores do seu povo e decide estar ao lado do pequeno e do pobre, de todo ser humano que deixa de lado o orgulho e reconhece a sua finitude. Somente assim acontece o encontro entre o amor de Deus e a nossa sede de amor. Também naquele tempo os insensíveis, seguros de si, não souberam acolher o Salvador. No entanto é com ele, o Senhor que vem, que sempre aprendemos de novo quanto vale ter um coração sensível e amoroso
Ficamos sempre atentos, vigiando para nós e para os outros também, antes que a pedra gigantesca do egoísmo e da insensibilidade nos faça parecer inútil amar. Neste caso, a pedra já teria destruído a nossa vida, porque teria rolado do monte até parar em nosso coração. Talvez sem perceber.