Análise de conjuntura apresentada pela Comissão Pastoral da Terra aponta avanço de exploração mineral e disputas por terras no interior
No dia 15 de novembro, durante a XXIII Assembleia da Diocese de Macapá, o coordenador da Comissão Pastoral da Terra (CPT), padre Sisto Magro, apresentou aos participantes do evento os principais problemas existentes atualmente no interior do estado. A análise de conjuntura tratou dos conflitos por terra, do avanço da exploração mineral na região e a situação os povos indígenas.
De acordo com o missionário, as riquezas minerais do estado estão concentradas nos municípios do interior e os bens naturais estão sendo apropriados por grandes corporações. Um exemplo é o avanço de grandes empresas sobre propriedades antes da posse de pequenos agricultores e famílias.
Segundo ele, “os moradores do interior, que por vezes são os verdadeiros proprietários, estão sendo expulsos para as cidades”. A agricultura tradicional tem perdido espaço para as empresas, as quais, vez por outra, entram na Justiça para reintergração de posse, inclusive de terras públicas, obrigando famílias a deixarem a terra.
Ainda de acordo com padre Sisto, isso os “obriga, neste caso, a viverem de maneira extremamente precária” nas cidades. “A proposta capitalista que visa o lucro invadiu e dominou as localidades”, lamentou o coordenador da CPT.
Mineração
Padre Sisto alertou os presentes que a realidade dos projetos de exploração das riquezas da Amazônia, especialmente do estado, faz-se sobre o pretexto da geração de novos empregos, contudo, a situação se apresenta com “aporte de emprego mínimo à população local”.
Ele destacou como exemplos dessa situação os municípios de Pedra Branca do Amapari e Serra do Navio, que no passado foram grandes promessas de geração de emprego e qualidade de vida, mas, atualmente, “apontam para o subemprego e miséria, além de outros fatores, como poluição de igarapés e desmatamentos”.
Padre Sisto falou da dificuldade de acesso a informações junto às empresas de exploração no interior do estado. Segundo ele, a ” CPT não consegue fazer denuncia de qualquer tipo nas áreas de mineração, pois são impedidos pela estrutura das mineradoras, com cercas e aparatos de segurança e por não disponibilizarem informações ou documentos” sobre os procedimentos e iniciativas de exploração.
Indígenas
Para o coordenador da Pastoral da Terra, é positivo o fato do estado possuir as terras indígenas todas demarcadas, Contudo “a demarcação garante que os povos detenham o uso da terra, a posse somente, mas a propriedade é da União” e o fato de não serem os indígenas proprietários da terra, ela pode “vir a ser utilizada para exploração mineral”, como se mostra o interesse por parte do governo federal.
Ao finalizar sua apresentação, o coordenador da CPT convidou os participantes da Assembleia a assumirem compromisso com as causas relatadas.
Diocese de Macapá
Jefferson Souza / Pascom
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