Com São José procuramos Jesus para encontrá-lo nos irmãos e irmãs

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MACAPÁ (AP) – Por Dom Pedro José Conti

Reflexão para o 5º Domingo da Quaresma| 17 de Março de 2024 – Ano “B” 

Na próxima terça feira, 19, após o Quinto Domingo da Quaresma, celebraremos a Festa de São José, o padroeiro escolhido para Macapá e para toda a nossa Diocese. Além do tema da Campanha da Fraternidade deste ano (Fraternidade e Amizade Social), o trecho que inspirou a escolha do lema da festa foi a situação de preocupação que Maria e José experimentaram ao voltar para casa, ao término da peregrinação a Jerusalém, quando perceberam que Jesus, adolescente, não estava na caravana (Lc 2,41-51).

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Evidentemente foram procurá-lo. O curioso é que, também no evangelho da liturgia deste Quinto Domingo de Quaresma, alguns estrangeiros gregos, provavelmente pagãos, aproximaram-se de Felipe que, talvez, falava a língua deles e lhe disseram que queriam ver Jesus. Alguns domingos atrás, ouvimos do evangelho de Marcos que os discípulos disseram a Jesus: “Todos estão te procurando” (Mc 1,37). Poderíamos ficar entusiasmados com todo esse interesse por Jesus, também se, claramente, os motivos da “procura” são muito diferentes: a angústia de Maria e José, a curiosidade dos gregos e o interesse dos doentes para serem curados.

Como responde Jesus a toda essa procura? A Maria e José diz que deve estar naquilo que é do Pai. Aos doentes e sofredores se manifesta operando cura e expulsando demônios, mas depois vai para outras aldeias pregar o Evangelho. Aos gregos, enfim, responde de uma forma surpreendente. Ele fala do “grão de trigo” que, se não morrer, ficará só, mas se aceitar ser transformado em espiga carregará muitos frutos. Jesus está falando dele mesmo. 

A quem queria “vê-lo” se apresenta como aquele que dá a própria vida. Quem quiser encontrá-lo deve se colocar ao seu “serviço” e trilhar o mesmo caminho da cruz. Isso fica mais claro ainda com as palavras finais do trecho litúrgico do evangelho: “E eu, quando for elevado da terra, atrairei todos a mim”. Segue o comentário do evangelista: Jesus falava assim para indicar de que morte iria morrer. (Jo 12, 32-33). Essa morte será uma derrota total para o mundo, mas será a glorificação do Filho por parte do Divino Pai que, naquele momento, fez ouvir a sua voz misteriosa. 

Antes de encontrar o Cristo glorioso, precisamos reconhecê-lo sofredor e crucificado, solidário, por amor a todos os descartados, excluídos e injustiçados da história humana. Quem não se dispõe a “servir” Jesus presente nos pequenos e nos pobres, a perder um pouco ou toda a sua vida por amor a eles, pode encontrar Jesus, com certeza, porque ele sempre se oferece a todos. Será, todavia, um “Senhor” parcial, sem as chagas, mais semelhante às pessoas de sucesso, aos grandes, aos poderosos deste mundo com os quais ele nunca se identificou. Somente a fraternidade e a solidariedade podem nos aproximar mais uns dos outros. 

É na comunhão entre as pessoas que se acolhem como irmãos e irmãs, com o mesmo valor e dignidade, muito além daquelas particularidades de natureza, condição, ideologia que tanto nos separam e nos tornam inimigos, que Jesus está no meio de nós. Onde tem amigos que se ajudam, pessoas capazes de deixar de lado os próprios interesses para assumir as preocupações dos irmãos é que podemos encontrar Jesus. Maria nos dá o exemplo com o seu “sim”, pronta a acolher o Salvador que revoluciona seu projeto de vida. 

Logo, corre para visitar Isabel, a parente idosa para partilhar com ela o segredo inacreditável da encarnação e cantar a boa notícia de esperança para os pobres e os humildes. Também José com o seu “sim” vence o medo e acredita no impossível que estava acontecendo no seio da esposa prometida. Será o pai humano de Jesus, e lhe ensinará as maravilhas que Deus havia feito ao seu povo e as promessas que deveriam se cumprir. Ensinará a ele a laboriosidade, a fidelidade, tudo aquilo que abre a mente e o coração de uma criança para que se torne capaz de compaixão com os irmãos, quem sabe, até a coragem de doar a própria vida. Nunca saberemos isso, com certeza, mas nos faz muito bem aprender o amor e a amizade com a Família de Nazaré. A “amizade social” se aprende, antes, em casa.

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