MACAPÁ (AP) – Por Dom Pedro José Conti
Reflexão para o 32º domingo do Tempo Comum | 10 de Novembro de 2024 – Ano “B”
Um homem se considerava o mais pobre da terra. Um dia, encontrou outro na mesma situação e lhe disse:
– Eu me achava ser o mais pobre de todos, mas agora encontrei você que não tem nem chapéu. O outro respondeu:
– Amigo, lembre-se que todo pobre no seu caminho encontrará sempre alguém mais pobre do que ele! Essa é a sua única consolação, porque poderá sempre doar alguma coisa. Então, o homem tirou o chapéu e o doou ao outro. Depois, continuou o seu caminho. Encontrou mais um pobre que não tinha nem capa. Logo tirou a sua capa e a deu a para ele. Continuou a caminhar e, aos poucos, ia se desfazendo de alguma pobre coisa que tinha. Ficou somente com os sapatos e estava contente, porque assim podia ainda caminhar. Por fim, doou também os sapatos e viu que não possuía mais nada. Tinha chegado ao paraíso.
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As leituras do Primeiro Livro dos Reis e do evangelho de Marcos do 32º Domingo do Tempo Comum nos falam de duas viúvas muito pobres. Naquele tempo, elas eram reconhecíveis pelo traje. A viúva de Sarepta, à qual o profeta Elias pede que lhe traga um pouco de água e um pedaço de pão, não se recusa a fazer isso com o último punhado de farinha que tinha e depois morrer, ela e o filho. Em resposta à tamanha generosidade, o profeta lhe garante, em nome do Deus de Israel, que, por todo o tempo da carestia, na casa dela não acabará nem a farinha na vasilha e nem o azeite na jarra.
No evangelho, Jesus exorta a “grande multidão” a tomar cuidado com os doutores da Lei. Eles chamam atenção pela roupa, pelos primeiros lugares nas sinagogas e nos banquetes, mas depois “devoram as casas das viúva, fingindo fazer longas orações”. Mais tarde, Jesus está sentado no Templo “diante do cofre das esmolas” e fica observando. Os ricos atraem os olhares do povo, porque depositam grandes quantias de moedas no cofre. Com certeza eles demoravam propositalmente e todos escutavam o soar das moedas caindo. No entanto, Jesus declara que uma pobre viúva, que somente depositou “duas pequenas moedas que não valiam quase nada”, na realidade, foi a que mais doou, porque não entregou as sobras, mas “tudo o que possuía para viver”.
No evangelho, Jesus exorta a “grande multidão” a tomar cuidado com os doutores da Lei. Eles chamam atenção pela roupa, pelos primeiros lugares nas sinagogas e nos banquetes, mas depois “devoram as casas das viúva, fingindo fazer longas orações”. Mais tarde, Jesus está sentado no Templo “diante do cofre das esmolas” e fica observando. Os ricos atraem os olhares do povo, porque depositam grandes quantias de moedas no cofre. Com certeza eles demoravam propositalmente e todos escutavam o soar das moedas caindo. No entanto, Jesus declara que uma pobre viúva, que somente depositou “duas pequenas moedas que não valiam quase nada”, na realidade, foi a que mais doou, porque não entregou as sobras, mas “tudo o que possuía para viver”.
Elogiando a generosidade da viúva, na prática, Jesus continua o ensinamento anterior: não devemos nos deixar enganar pelas aparências. A verdadeira bondade do coração não se mede pelas aparências – a quantia de dinheiro ou as longas orações – mas por aquilo que custou de sacrifício ou pela honestidade de vida. Podemos enganar as multidões, mas não o Pai “que vê o que está em segredo” (Mt 6,6).
Cuidar do nosso asseio, é sinal de educação, de bom gosto, de amor a nós mesmos, porque zelamos pela limpeza e pela ordem. Até da nossa saúde, podemos dizer. Mas tudo tem limite. Quando a nossa principal preocupação é o julgamento dos outros, significa que talvez estejamos construindo uma imagem de nós mesmos que queremos seja reconhecida e elogiada, também se não corresponde à verdade da nossa fé, dos nossos sentimentos e motivações. Querer ser duas ou mais pessoas, ao mesmo tempo, é uma doença. O pior acontece quando, de tanto fingir ou representar, não sabemos mais quem somos de verdade. Jesus repreende aqueles ricos que queriam aparecer generosos quando, na realidade, estavam dando das sobras dos seus bens, ou seja, tudo aquilo não ia lhe fazer falta alguma.
Muito diferente é a situação da viúva que estava dando tudo o que tinha para viver. Para ela, aquele pouco, era tudo. Com isso, o evangelista Marcos, chegando ao final do seu escrito, prepara-nos a reconhecer onde pode nos levar o amor: a doar “tudo”, até a própria vida como fez Jesus. A verdadeira doação não depende da quantidade, mas daquilo que nos custa doar. Sem pensar no que podemos ganhar com aquele gesto, nos aplausos ou reconhecimentos – aliás, melhor se não tivermos nada disso – mas só na alegria de vencer o nosso egoísmo e fazer felizes ao menos alguns dos nossos irmãos e irmãs.
Ninguém é tão pobre que não tenha algo para doar. O pouco vale muito, se nos “custa” amor, carinho, atenção. São pequenos sinais da alegria do paraíso.
Muito diferente é a situação da viúva que estava dando tudo o que tinha para viver. Para ela, aquele pouco, era tudo. Com isso, o evangelista Marcos, chegando ao final do seu escrito, prepara-nos a reconhecer onde pode nos levar o amor: a doar “tudo”, até a própria vida como fez Jesus. A verdadeira doação não depende da quantidade, mas daquilo que nos custa doar. Sem pensar no que podemos ganhar com aquele gesto, nos aplausos ou reconhecimentos – aliás, melhor se não tivermos nada disso – mas só na alegria de vencer o nosso egoísmo e fazer felizes ao menos alguns dos nossos irmãos e irmãs.
Ninguém é tão pobre que não tenha algo para doar. O pouco vale muito, se nos “custa” amor, carinho, atenção. São pequenos sinais da alegria do paraíso.