MACAPÁ (AP) – Por Dom Pedro José Conti
No Antigo Testamento encontramos disputas entre os “deuses” que cada povo adorava. Eles consideravam estes “deuses” obrigados a defendê-los e protege-los. Por isso faziam rituais de sacrifícios e obedeciam às normas. Mas também desobedeciam muito e interpretavam os eventos negativos como castigos de Deus. Ainda hoje, para muitos, a relação com Deus é um esforço para que ele seja favorável aos projetos que escolhemos para a nossa vida.
Procuramos Deus por interesse ou nas horas difíceis e não para acolhê-lo e amá-lo assim como ele se fez conhecer de maneira especial e única na pessoa de Jesus Cristo. Precisamos conhecer melhor quem é Deus, o que faz, o que nos oferece e o que nos pede.
Para rezar bem, não basta acreditar que Alguém esteja ouvindo e prestando atenção às nossas orações. É necessário confiar no grande projeto de amor dele sobre os bons e sobre os maus, sobre os justos e os injustos, com alguma preferência clara pelos pequenos, os sofredores, os errados. Muitas vezes, nas nossas rezas cobramos de Deus o que nós pensamos que ele deveria fazer para nós se nos amasse de verdade.
Rezamos, mas duvidamos. Deveríamos ser nós a perguntar o que ele quer que façamos para que o seu Reino de amor, paz e justiça aconteça em nossa vida e na história da humanidade. É para cumprir esta “obra”, à qual somos chamados a colaborar com os dons que ele nos deu, que devemos pedir a ajuda dele, não somente para ter sucesso ou ganhar algum favor.
Quando confiamos em Deus Pai que Jesus veio nos fazer conhecer, rezamos em casa, em família, rezamos nas igrejas, celebramos as liturgias, fazemos caminhadas, procissões, não escondemos, enfim a nossa fé. No entanto, o momento mais revelador da nossa oração de cristãos é aquele do “silêncio” do nosso quarto, quando nos colocamos diante de Deus com toda a nossa pobreza humana, sem títulos, sem cobranças, simplesmente como filhos e filhas amados, na certeza de não estar sozinhos e abandonados na difícil aventura da vida humana.
É nestes momentos de intimidade com Deus que tomamos as grande decisões da nossa vida e crescemos na confiança e na paz do coração. Aconteceu com o “sim” de Maria. Ela soube colaborar totalmente com o projeto de Deus e algo único e extraordinário aconteceu na vida dela, se tornou a Mãe do Salvador. Este foi o fruto da sua união filial e confiante com Deus.
Também para nós os frutos da nossa oração devem tornar-se visíveis, ser oferecidos e partilhados. Só podem ser os mesmos frutos do Espírito Santo: amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, lealdade, mansidão, domínio próprio (cf. Gl 5,22). Em oração com Maria aprendemos a amar e a servir. Sempre, com coragem, simplicidade e muita alegria.