Em plena noite, uma casa isolada pega fogo. Pai, mãe e filhos maiores conseguem sair e se colocar a salvo. De repente, descobrem que o filho menor tinha ficado preso entre as chamas do andar superior. O pequeno aparece na janela chorando e gritando de desespero. O pai grita para ele:
– Pula! Mas a criança responde:
– Pai, eu não te vejo! Com todo o seu fôlego, o pai grita de volta ao filho:
– Eu te vejo e basta! Pula! É assim que Deus nos salva. Nós não o vemos, mas ele sim. Basta confiar e…pular.
Chegamos ao último Domingo do Ano Litúrgico e celebramos a solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo. O evangelho de João nos apresenta o diálogo, se assim o podemos chamar, entre Jesus, já preso e maltratado, e Pilatos, o representante do imperador romano, com todo o poder de salvar ou condenar o “criminoso” que lhe era apresentado. Já sabemos o desfecho de tudo: Jesus vai morrer na cruz; foi a morte dos rebeldes, dos incômodos aos poderosos do momento, sejam políticos, sejam religiosos. Por isso, a troca de palavras entre Jesus e Pilatos não serve para “salvar” Jesus, mas para apresentar a absoluta diferença entre os dois interlocutores.
O “reino” de Pilatos se sustentava pela força das armas e as mentiras dos bajuladores, pela conivência dos interessados a serem amigos de quem mandava e desmandava, pelo medo dos pequenos obrigados a baixar a cabeça na frente dos grandes. O “reino” do qual fala Jesus e se declara ser “rei” é totalmente outro: “não é deste mundo” (Jo 18,36), é um reino sem legiões de soldados, sem exploração nos impostos, sem limites de participantes, de tempo e de espaço. É o reino de quem escuta a voz do Senhor e o acolhe como testemunha da única verdade na qual vale a pena acreditar e, assim, gastar a própria vida (Jo 18,37).
O “reino” de Pilatos se sustentava pela força das armas e as mentiras dos bajuladores, pela conivência dos interessados a serem amigos de quem mandava e desmandava, pelo medo dos pequenos obrigados a baixar a cabeça na frente dos grandes. O “reino” do qual fala Jesus e se declara ser “rei” é totalmente outro: “não é deste mundo” (Jo 18,36), é um reino sem legiões de soldados, sem exploração nos impostos, sem limites de participantes, de tempo e de espaço. É o reino de quem escuta a voz do Senhor e o acolhe como testemunha da única verdade na qual vale a pena acreditar e, assim, gastar a própria vida (Jo 18,37).
Para entender de qual reino estamos falando, precisamos sempre voltar às parábolas que Jesus usou para apresentá-lo e ao primeiro anúncio com o qual inicia o evangelho de Marcos lido neste Ano Litúrgico: “Cumpriu-se o tempo, e está próximo o Reino de Deus. Arrependei-vos e crede no Evangelho” (Mc 1,15). O evangelista João fala de Jesus como “voz” que deve ser escutada e como “ testemunha” da verdade. Igualmente também, se de um jeito diferente, o evangelista Marcos nos convida à conversão e a acreditar naquela palavra que traz a Boa Notícia. Por sua vez, as parábolas apresentam sempre o Reino como algo que está acontecendo.
Por exemplo, ele é semelhante à semente que cresce, ao tesouro encontrado, aos convidados à festa de casamento, aos talentos distribuídos para serem multiplicados e assim por diante. Cada parábola nos oferece algo novo, muito diferente daquilo que, talvez, esperávamos acontecer. Com isso, percebemos que a “conversão” ao Reino é sempre um caminho a ser percorrido, uma meta exigente que custa para ser alcançada. Ao mesmo tempo, porém, este compromisso nos enche de alegria quando conseguimos nos deixar conduzir pela Palavra do Senhor, refletida e partilhada com os irmãos. Deveríamos ficar felizes quando reconhecemos a sua “voz” no meio de tantos gritos de slogans repetidos sem pensar, de tanta publicidade de consumo que chega pelas redes sociais, de tantas promessas de vitória vindas de qualquer lugar e de tantas opiniões de influenciadores digitais arrebanhando milhões de seguidores.
Como cristãos, queremos continuar a usar a nossa cabeça para entender e sabemos onde encontrar a luz verdadeira para assumir as nossas responsabilidades de cidadãos deste mundo e do Reino de Deus ao mesmo tempo. Aclamar a Jesus Cristo como “rei” não tem nada de triunfal. O trono dele é a cruz e a sua coroa é de espinhos. Nestes tempos de guerras e competições só podemos aclamá-lo nosso “rei” se conseguirmos ver nos outros irmãos e irmãs ninguém como inimigo a ser destruído.
Aclamamos o “rei” quando nos comprometemos em aliviar os sofrimentos dos pobres e dos esquecidos desta sociedade. Aclamamos o “rei” quando o reconhecemos nos desfigurados pela violência, pela fome e pela sede. Se não conseguimos vê-lo neles ainda não pulamos para a aventura da fé e do amor. Mas ele nos vê sempre. Então, o que esperamos para pular?
Por exemplo, ele é semelhante à semente que cresce, ao tesouro encontrado, aos convidados à festa de casamento, aos talentos distribuídos para serem multiplicados e assim por diante. Cada parábola nos oferece algo novo, muito diferente daquilo que, talvez, esperávamos acontecer. Com isso, percebemos que a “conversão” ao Reino é sempre um caminho a ser percorrido, uma meta exigente que custa para ser alcançada. Ao mesmo tempo, porém, este compromisso nos enche de alegria quando conseguimos nos deixar conduzir pela Palavra do Senhor, refletida e partilhada com os irmãos. Deveríamos ficar felizes quando reconhecemos a sua “voz” no meio de tantos gritos de slogans repetidos sem pensar, de tanta publicidade de consumo que chega pelas redes sociais, de tantas promessas de vitória vindas de qualquer lugar e de tantas opiniões de influenciadores digitais arrebanhando milhões de seguidores.
Como cristãos, queremos continuar a usar a nossa cabeça para entender e sabemos onde encontrar a luz verdadeira para assumir as nossas responsabilidades de cidadãos deste mundo e do Reino de Deus ao mesmo tempo. Aclamar a Jesus Cristo como “rei” não tem nada de triunfal. O trono dele é a cruz e a sua coroa é de espinhos. Nestes tempos de guerras e competições só podemos aclamá-lo nosso “rei” se conseguirmos ver nos outros irmãos e irmãs ninguém como inimigo a ser destruído.
Aclamamos o “rei” quando nos comprometemos em aliviar os sofrimentos dos pobres e dos esquecidos desta sociedade. Aclamamos o “rei” quando o reconhecemos nos desfigurados pela violência, pela fome e pela sede. Se não conseguimos vê-lo neles ainda não pulamos para a aventura da fé e do amor. Mas ele nos vê sempre. Então, o que esperamos para pular?