Reflexão para o Domingo da Epifania do Senhor| 3 JAN 2021 – Ano “B”
1ª Leitura Is 60,1-6 | Salmo: 71 | 2ª Leitura: Ef 3,2-3a.5-6 | Evangelho: Mt 2,1-12
| MACAPÁ (AP) | Por Dom Pedro José Conti
No meio de tantas mensagens que chegam pela internet, leio a seguinte: “Alguns estudiosos especulam que a história bíblica da Estrela de Belém, que conduziu os Três Reis Magos do Oriente ao encontro do menino Jesus, está associada a uma conjunção Tripla de Júpiter e Saturno. Em intervalos de tempos irregulares, pode ocorrer, ao longo de meses, uma sequência de três conjunções Júpiter-Saturno. A última conjunção tripla foi em 1981, enquanto a próxima é esperada para 2238. No ano 7 a.C., ocorreram conjunções em 29 de maio, 30 de setembro e 5 de dezembro, tempo suficiente para os três viajarem de sua terra natal, no Oriente, até encontrar a criança na manjedoura. Os dois planetas brilhantes convergindo num ponto perto do horizonte, certamente indicariam uma direção a ser seguida. Por essa razão, a conjunção deste ano tem sido frequentemente chamada de ‘Estrela de Natal’”.
Muito bem. Talvez alguns tenham realmente assistido ao fenômeno na noite de 21 de dezembro passado. Quem não assistiu terá novas chances em 2040 e 2060, mas, uma conjunção tão espetacular como a do ano passado só acontecerá em 2080. Assim explicam e calculam os astrônomos. No entanto, essa ligação com a página do evangelho de Mateus é pura “especulação”. Graças a Deus, faz tempo que aprendemos a ler os evangelhos com um entendimento diferente daquele de considerá-los como um relato mais ou menos pormenorizado de eventos. Nada impede que algo contado pelo povo tenha chegado até o autor do evangelho, contudo nunca poderemos averiguar as circunstâncias e isso, de fato, pouco lhes interessava. A “boa notícia” que queriam comunicar era bem outra: a criança que nasceu em Belém não será simplesmente o “rei dos judeus”, mas todos os povos virão adorá-lo. A festa da “Epifania”, palavra que significa manifestação, tem, portanto, um alcance universal.
Os famosos “magos”, sem nome e nem número, representam todos aqueles e aquelas que buscam com afinco dar um sentido sério às suas próprias vidas. Eles não são meros viajantes ou simples curiosos. Eles querem dobrar os joelhos na frente de alguém que mereça ser procurado e encontrado. Por isso, não tem receio de perguntar a quem deveria saber e, de fato, sabe, onde poderia estar o prometido chefe que será pastor de Israel. Escutam a resposta, mas não ficam por aí, parados como os demais, eles retomam o caminho. É neste momento que os magos voltam a enxergar a “estrela” e experimentam “uma grande alegria”.
O evangelista Mateus nos oferece uma mensagem extraordinária: quem arrisca continuar a sua busca encontra o que procura! Essa busca parte de longe; vem das promessas da antiga Aliança, dos Profetas, do que foi escrito, transmitido, contado e acreditado faz séculos, mas não termina por aí, tem sempre algo novo acontecendo. O novo “rei” é “o menino com Maria, sua mãe”, a ele os magos adoram e oferecem os seus dons. As “escrituras” e os sinais exteriores, como a “estrela”, servem para motivar e sustentar a busca, mas precisa ter um desejo interior que ajude a entender e motive a caminhada. Não basta ficar “perturbados” como Herodes e toda a cidade de Jerusalém.
O “desejo” do qual estou falando é algo muito mais sério, grande e bonito. Deve ser capaz de alimentar a nossa esperança, nos fazer sonhar e imaginar algo novo, justamente, como toda criança é “nova” por si mesma. Até os magos voltam para a sua terra “seguindo outro caminho”. Quem encontra Jesus e o reconhece como “Senhor” de sua vida, começa a abrir e a percorrer novos percursos. Quem faz isso também cansa, corre o perigo de errar, é verdade, mas pode voltar e recomeçar tudo de novo, até chegar a encontrar o procurado, Aquele que enche o coração de alegria. Muito melhor que ficar parado, desejando que nunca mais chegue algum aviso ou alguém para incomodar. Uma vida sem brilho, porque faltou um encontro imperdível, de verdade, muito mais que a conjunção de Júpiter e Saturno. Essa pode esperar séculos para acontecer de novo, o nosso encontro com Jesus não.