Celebrar o Dia da Amazônia e contemplar a criação ali presente
|BRASÍLIA (DF) | Por Cnbb
Nas comemorações do Dia da Amazônia, data civil no próximo domingo, 5 de setembro, foi celebrada uma missa na manhã desta sexta-feira, 3 de setembro, na sede da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). O presidente da eucaristia, dom Joel Portella Amado, secretário-geral da CNBB, chamou atenção para duas atitudes fundamentais para a data: “contemplar agradecendo” e perguntar o porquê do descompasso diante da beleza da criação com devastação ambiental e agressões aos povos amazônicos.
No dia em que a Igreja faz a memória de São Gregório Magno, Papa e Doutor da Igreja no século VI, a celebração recordou o santo “que respondeu aos desafios do seu tempo com firmeza e com coragem” e também quis destacar o testemunho de mulheres e homens e instituições que trabalham para “promover novos caminhos de evangelização para a Igreja na Amazônia e para uma ecologia integral”.
Contemplar
Para dom Joel Portella Amado, é fundamental a atitude de contemplação, percebendo “como o criador apaixonado pela criação a fez tão detalhada, tão pujante, tão grandiosa, tão construída em comunhão, numa rede fortíssima de relações entre pessoas, culturas, meio ambiente”. Ao contemplar esse mistério de Deus “o que nos cabe é nos colocarmos de joelhos, agradecer e bendizer”.
Indagar
A pergunta que se deve refletir ao celebrar o Dia da Amazônia e contemplar a criação ali presente, é em relação ao descompasso. “Se o criador nos deu esse presente tão amoroso, tão detalhado, porque, afinal de contas, nós encontramos situações que nos apavoram quando nós olhamos a mesma realidade da Amazônia, quando nós alargamos o nosso olhar para os outros biomas e quando nós olhamos para o mundo inteiro?”, questiona dom Joel.
São vários os exemplos do descompasso diante da criação, como a devastação ambiental, as agressões aos povos amazônicos e sua diversidade, a falta de oxigênio na pandemia, entre outras realidades.
Perceber a presença de Cristo e as belezas Amazônicas
Citando o Evangelho de hoje (Lc 5, 33-39), dom Joel explica que ali está uma resposta muito clara. O bispo compara o povo que, tendo o Cristo presente preferiu “se manter nas suas opções, naquilo que vinham seguindo há séculos”, com a realidade atual a contemplação do bioma Amazônico.
“Assim como nós contemplamos a beleza, a grandeza, no caso do bioma amazônico, meio ambiente e pessoas – respeitadas as devidas proporções, é claro – o povo daquele tempo já tinha visto os milagres de Jesus. Aquelas pessoas estavam tão agarradas em uma determinada maneira de ver, que não reconheceram a presença do Verbo feito carne, não reconheceram a presença de Deus”, situou.
Na atualidade, o que ocorre segundo dom Joel é que “parece que o mundo está tão mergulhado numa lógica de espoliação, numa lógica que privilegia o lucro que não percebe as belezas presentes no bioma amazônico, nos povos, na solidariedade, na comunhão, na partilha. E preferem, apesar de tudo, manter-se naquilo que acreditam: devastando as florestas, com as queimadas, agredindo e tirando os direitos mínimos necessários dos povos que lá estão”.
Vinho novo em odres novos
Assim como Jesus alerta no Evangelho sobre o que acontece com o remendo novo em pano velho, e a necessidade de odres novos para um vinho novo, dom Joel destacou que a atitude central que decorre do altar, da oração e da celebração é a conversão: “é a proposta de um mundo diferente que, olhando para Amazônia, olha para todas as outras situações que também são de dor”.
Voltar à Querida Amazônia
Como compromisso da celebração do Dia da Amazônia, dom Joel sugeriu ler ou ler novamente a exortação apostólica pós-sinodal Querida Amazônia e os sonhos ali indicados pelo Papa Francisco.
“Inspirados naquilo que o Santo Padre Francisco disse para nós nos quatro sonhos: não percamos o sonho. Um sonho que se traduz em atitudes, em ações muito concretas na defesa, no caso hoje, da Amazônia, com seu meio ambiente, seus povos, suas culturas. Não achemos que é um trabalho grande, porque somos instrumentos na mão de Deus. E olhemos para são Gregório, peçamos a intercessão desse santo que tinha diante de si também um momento de reconstrução. E o desafio de não colocar remendo novo em pano velho permanece: cada momento da história tem o seu perfil, cada momento da história tem o seu jeito de ser. O desafio é a perseverança”.
Plantio do Ipê
Após o final da celebração, que contou com a presença de assessores da CNBB, representantes de organismos e colaboradores da Repam-Brasil e da Comissão para a Amazônia, foi feito o plantio de uma muda de ipê no jardim da sede da CNBB. Os participantes da celebração levaram consigo uma corda, lembrando os romeiros do Círio de Nazaré, e também uma imagem da Rainha da Amazônia.
Com cânticos, seguiram da Capela Nossa Senhora Aparecida até o local reservado, onde foram feitos agradecimentos a Deus por ocasião do Dia da Amazônia. Após a bênção de dom Joel, a diretora executiva da Repam-Brasil, irmã Maria Irene Lopes dos Santos, plantou a muda de ipê com a ajuda do colaborador da CNBB Marcos Silva.
O ipê é uma espécie característica do Cerrado brasileiro que, no período da seca, floresce embelezando a paisagem. Um dos motivos da escolha da árvore é a resistência que tem diante do longo período sem chuvas.
Também foi plantada uma muda na sede do Centro Cultural Missionário, onde fica o escritório da Repam-Brasil.